quarta-feira, 4 de março de 2009

Deu no blog do Noblat

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ganhou fama no Congresso como o mais pragmático dos parlamentares a por os pés ali nos últimos anos. Por pragmático, entenda-se o que cobra caro, caríssimo, por seu voto e pelo voto dos que o seguem.
Nada Cunha vota de graça. Com ele não tem essa de votar levando em conta "os superiores interesses do país", nem mesmo os mais legítimos interesses do governo que apóia sob condições. A Cunha, como a ninguém, aplica-se com perfeição a máxima de São Francisco: "É dando que se recebe".
Ocorre que para dar ele quer receber adiantado. Como o governo demorou muito a dar a presidência de Furnas para para Luiz Paulo Conde, indicado por ele, Cunha demorou mais ainda para emitir o parecer que permitiria a votação na Câmara da proposta de prorrogação da CPMF.
No que atrasou a votação na Câmara, atrasou no Senado - e ali animou a oposição a tentar barrar a proposta. O governo debitou na conta de Cunha parte da responsabilidade pelo sepultamento da CPMF, mas nada ousou fazer contra ele.
O PMDB de Cunha perdeu na semana passada a batalha pela troca de dois diretores do fundo de pensão dos funcionários de Furnas. Pois Cunha resolveu retaliar o governo: saiu à caça de assinaturas para montar a CPI dos Fundos de Pensão. É a CPI da chantagem.
Cunha não está nem um pouco interessado em passar a limpo as mutretas passadas, em curso ou futuras dos fundos de pensão das empresas estatais. Ele nada ganharia com isso. Talvez até se arriscasse a perder. A intenção da Cunha é amedrontar o governo e, se possível, extrair vantagem disso.
Não o subestimem.
Se ele desistir da CPI é porque foi beneficiado pelo governo de algum modo. Se ele insistir com a CPI é porque ainda não foi.

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