Canard era um folhetim que circulava pelas ruas imundas de Paris durante o período dos déspotas esclarecidos. As informações eram repassadas pelos empregados do Palácio de Versalhes e os editores ridicularizavam a realeza nas páginas do folhetim.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
A Sociedade e os Espaço Público
Recebi da Daniela Depper e socializo: A sociedade divide a cidade em dois espaços: o privado - sua casa- e o público - a rua- de forma bastante taxativa, sendo a casa o local de refúgio, de calma, de segurança e a rua o local de perigo, de estresse e de baderna, onde “pode tudo”.
Quando vemos alguém jogando papel na rua, fazendo suas necessidades ou gritando de forma absurda nos vem a pergunta: Faz isso em casa também? Obviamente que não. Afinal na casa está seguro, está em seu reinado, no qual nada lhe permite atitudes selvagens.
Os espaços públicos na sua essência e de fato, estão sumindo e sendo trocados por espaços públicos que, no entanto são privados, como shoppings, áreas de lazer privadas, parques temáticos, dentre outros. A falta de segurança e de compreensão do que é realmente um espaço público, levam a esta mudança de comportamento. De forma geral a sociedade trata o espaço público como sendo apenas seu e de mais ninguém, fato facilmente perceptível quando alguém se posiciona atrás de um volante. E como o transporte público se torna cada vez menos eficiente, o privado cresce e leva consigo a força da opressão, onde quem tem o maior carro, mais potente, mais veloz é quem ganha.
O convívio entre as pessoas está cada vez mais restrito a espaços coletivos de pouca convivência e interação, sendo que isto nos leva a uma reformulação de comportamento sem precedentes. Talvez não voltaremos a forma de vida dos povos bárbaros, mas a sociedade está vivendo uma verdadeira barbárie, um caos, com conseqüências que ainda não estão catalogadas, afinal é tudo novo, presente. O que verificamos é uma extrema inconsciência social, onde os interesses particulares, em sua maioria, se sobrepõem ao interesse comum. Há um eterno conflito entre ser indivíduo e cidadão. Hoje, em nossas cidades, temos um Trânsito de indivíduos e não de cidadãos. Gentileza não está inclusa neste novo sistema de vida.
Muitos programas de conscientização são lançados no país, mas somente quando resgatarmos a nossa relação com a cidade e entendermos que esta é muito mais que um espaço construído, de competição, de libertinagem, de circulação, é que saberemos o verdadeiro significado de sociedade, de cidadania. A cidade é um local de encontro, de convivência, de vida em comum, é um espaço carregado de sentidos, de convivência onde o outro também faz parte de nossa vida, merecendo respeito e tratamento digno, da mesma forma que gostaríamos de ser tratados.
E o local onde aprendemos o convívio em grupo, o respeito ao próximo, é em casa, no local seguro, privado e é o que aprendemos ali, que levamos ao mundo coletivo das cidades. A convivência em grupo nos faz melhores, desde que respeitemos as regras. Quando resgatarmos a ideia de que espaço urbano é local de democracia, de exercício de cidadania, de respeito e civilidade é que seremos realmente uma sociedade de fato e de direito.
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