Canard era um folhetim que circulava pelas ruas imundas de Paris durante o período dos déspotas esclarecidos. As informações eram repassadas pelos empregados do Palácio de Versalhes e os editores ridicularizavam a realeza nas páginas do folhetim.
terça-feira, 30 de março de 2010
Antes tarde do que nunca, os 50 anos de RR
Sábado passado Renato Russo completaria 50 anos. Ele e Cazuza são as principais referências de uma geração. Não diria poetas, mas dois letristas de mão cheia. Suas músicas são atemporais, traduzindo, clássicos. Gostava do RR líder do Legião, detestei seu período solo (por isso escolhi uma imagem da banda para ilustrar este post). Tive a oportunidade de entrevistá-lo, privilégio que não tive com Cazuza. Abaixo, reproduzo trecho de um dos capítulos do livro que está na gaveta.
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A banda Legião Urbana está na cidade. Os garotos de Brasília são a bola da vez com dois álbuns lançados. É a novidade da nova geração do rock, por isso conquista a juventude dos anos 80. Tenho que entrevistá-lo. Tento no hotel, nada feito. Nada consigo. Como tenho acesso ao ginásio de esportes onde acontecerá o show é pra lá que eu vou. O ginásio tem um palco. Chego numa portinha onde há um segurança, me apresento e digo que quero conversar com a banda. O segurança, com cara de poucos amigos, logo descarta. Insisto até que ele conversa com alguém da produção.
- Tenho que cumprir a pauta, argumento.
A pessoa diz ok e sai. Retorna e diz:
- Ele vai te atender, afirma referindo-se ao vocalista Renato Russo.
Aguardo um pouco e vejo que o início do show de aproxima. O público já tomou a quadra e parte das arquibancadas. Volto a insistir. Quando faltam cerca de 15 minutos para o início sou chamado. Dou uma olhada de me dei bem pro segurança e chego no backstage. Sou recebido por Renato Russo, uma figura inquieta. Faço uma só pergunta e ele dispara. Fala, fala ...
Ele nem dá atenção a correria em volta. Está na hora do show. Se aproxima a atriz Isabela Garcia.
- Está na hora Renato.
Como se nada estivesse acontecendo, ele continua a falar sobre o início da banda, a influência punk dos garotos de Brasília que detestam o rock progressivo, até que deu. Isabela retorna.
- Agora deu Renato. Vamos!!
Ele pede desculpe. Nos despedimos e assim termina a entrevista de uma pergunta só.
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